Não há como não voltar deslumbrada com todos os aplicativos,
softwares e hardwares desenvolvidos com o objetivo de facilitar a
aprendizagem. Jogos em todas as disciplinas fazem a festa das crianças -
e também dos professores que acham que esse é o caminho para "motivar"
os alunos. Imagens em 3D revelam o corpo humano e dos animais e a
estrutura dos demais seres vivos e levam as turmas para um estudo de
campo de ecossistemas como o fundo do mar e uma caverna - tudo sem sair
da sala de aula.
Mas um ponto polêmico - não colocado abertamente
durante as discussões na
Bett2012, mas deixado no ar - diz respeito ao
fator interação quando a tecnologia invade a sala de aula.
Alguns
professores têm usado a tecnologia para se aproximar das turmas, como
Emma Chandler, professora de Estudos Sociais da Emerson Park School, em
Londres. Ela usa o Twitter para se comunicar com os alunos justamente
por ter percebido que era a ferramenta predileta de comunicação entre
eles. Manda de três a quatro mensagens por aula, com o plano de aula do
dia, questões simples para verificar o conhecimento sobre determinado
conteúdo e notícias relacionadas ao tema. "Os mais tímidos passaram a se
comunicar mais comigo", afirmou ela, que ainda coordenou um texto
coletivo para o jornal da escola cujos trechos eram enviados pela rede
social. O trabalho em grupo, portanto, foi intermediado pela ferramenta,
com pouco contato direto entre os colegas.
O uso de animações em
3D, em que todas as informações são facilmente acessadas e visualizadas
com perfeição e realismo, praticamente prescinde da presença do
educador para a compreensão do conteúdo. Estudo realizado em sete países
entre outubro de 2010 e maio de 2011, por pesquisadores da Universidade
de Londres, comparou o rendimento de duas categorias de estudantes. Os
que estavam nas turmas em que o professor usou 3D para ensinar corpo
humano melhoraram suas notas em 86% (contra os 52% registrados no grupo
de controle, que só usou ferramentas em 2D), apreenderam as informações
em menos tempo, lembravam de mais detalhes e davam respostas mais
elaboradas em questões abertas. E o papel do professor, nesse caso, foi
apenas disponibilizar o acesso à ferramenta e fazer a avaliação.
Steve
Bunce, consultor em tecnologia da Educação do Reino Unido, está
convicto de que a saída para esse dilema é o educador se tornar um
questionador: "Em vez de explicar o conteúdo, ele vai criar as perguntas
sobre o mundo real e os problemas globais para serem respondidas pelos
alunos, que, por sua vez, com a tecnologia, podem ir sozinhos atrás das
informações e trazer as soluções. É assim que se educa cidadãos com
autonomia para aprender."